Promoção de cloroquina por Bolsonaro provoca espanto na França

Parlamentares franceses riram quando foi mencionado que Bolsonaro prescreve cloroquina para tratar Covid

(Foto extraída de vídeo)

Em mais uma situação vexatória para o Brasil sob o governo Bolsonaro, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, ao anunciar que a França decidira suspender os vôos com o Brasil em decorrência do descontrole da pandemia da Covid-19 e da nova variante P1, acabou levando os deputados a gargalharem ao lembrar que a cloroquina continua sendo indicada no Brasil.

A propósito, medida semelhante de suspensão de voos foi tomada pela vizinha Argentina.

Sob Bolsonaro, quase toda a semana o Brasil tem sido exposto a essas situações lamentáveis na mídia mundial, fruto do negacionismo, da aversão à ciência e à civilidade, quando não pelo resultado de parvoíce generalizada – das queimadas na Amazônia ao filho 04 cuspindo na cara da mãe, passando pela ‘gripezinha’ e as repetidas recomendações ao “kit covid” de parte do próprio Bolsonaro e seu entorno.

O riso entre os deputados franceses se explica: foi lá que um charlatão começou a divulgação da cloroquina como ‘preventivo da Covid’ e acabou devidamente desmascarado, depois de intensa discussão na sociedade francesa e nos meios médicos e científicos, o que foi confirmado por estudos no mundo inteiro, inclusive, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Todavia, Bolsonaro insistiu na cloroquina, desperdiçou uma nota preta para produzir a droga no Brasil e ainda aceitou as toneladas de hidroxicloroquina enviadas pelo amigo Trump, depois de desautorizadas nos EUA.

A citação de Castex também se ocorreu em virtude da irritação diante da pergunta de um parlamentar sobre o que estava sendo feito na França para conter o coronavírus.

Daí a irônica resposta de que “o que a França não fez foi seguir as recomendações do presidente Jair Bolsonaro”, complementada pela lembrança da cloroquina.

Os parlamentares que acompanhavam a sessão de forma presencial – e que utilizavam máscaras – não tiveram como não rir e aplaudiram as declarações do primeiro-ministro.

Os voos com o Brasil ficarão suspensos até o dia 19 e o governo francês está estudando a adoção de medidas mais restritivas que permitam a retomada da ligação aérea. Entre elas, isolamento obrigatório em um hotel com as despesas pagas pelo viajante.

Enquanto o kit cloroquina (hidroxicloroquina, azitromicina, a ivermectina e anticoagulantes) continua fazendo vítimas no país inteiro, causando mortes e até criando necessidade de transplante de fígado, o embaixador brasileiro na França, Luís Fernando Serra, saiu em defesa do chefe, que “não tem culpa” por nada, e atribuiu a responsabilidade do colapso da saúde com os hospitais superlotados à “esquerda”, por não ter construido mais hospitais quando “ficou no poder”. Quanto ao lockdown, a culpa “é do STF”.

O diplomata também tentou encenar a vacinação em curso no país ocorre por empenho de Bolsonaro, quando todo mundo sabe que ele antagonizou a “vacina chinesa” e que a sabotagem da vez é endereçada à russa Sputnik V e ao consórcio de governadores que pretende importar o imunizante.