Os sindicatos dos trabalhadores da Receita Federal alertaram para as consequências do corte de R$ 1 bilhão no orçamento do órgão para 2020, assim como o corte de mil cargos no setor, praticados pelo governo Bolsonaro.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (SINDIFISCO) e o Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal (SINDIRECEITA), o resultado será o afrouxamento das fiscalizações de empresas e do combate aos tráfico e contrabando nas fronteiras do país.
Segundo o presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral, o orçamento menor atingirá principalmente os sistemas ligados ao Serviços Federal de Processamento de Dados (Serpro), que contêm a memória de todo o trabalho de fiscalização no país.
Com a redução prevista para esse ano, o orçamento do órgão passará de R$ 2,81 bilhões, em 2019, para R$ 1,82 bilhão, em 2020. Dessa forma, o orçamento retrocede a patamares próximos do que foi em 2013, quando o orçamento foi de R$ 1,74 bilhão.
“Dois terços desse corte atingem exatamente os sistemas da receita ligados ao Serpro. É difícil entender como se faz um corte desses sobre um órgão responsável pela arrecadação. É algo muito grave e que poderá implicar também em fechamento de agências que não terão como funcionar”, denuncia Cabral.
Para as entidades, esse é um processo que tem como objetivo o sucateamento da Receita Federal, principal órgão arrecadador da União, responsável por recolher mais de 66% de todos os impostos e contribuições arrecadados. Só em 2018, a Receita arrecadou cerca de R$1,5 trilhão, recurso que são distribuídos entre a União e os estados e municípios através dos chamados fundos de participação.
Em dezembro, Bolsonaro defendeu que os fiscais devem ter “menos poder” para evitar que apliquem multas ao agronegócio, às indústrias e às igrejas, em reunião na Confederação Nacional da Indústria e que esse é o tom usado por ele com seus ministros.
“O discurso do presidente para os empresários é muito confuso porque ele fala de agricultura, meio ambiente, norma da receita. Mas, pegando esse discurso e alinhando com os cortes tanto de recursos quanto de pessoal, estamos todos receosos da possibilidade de uma redução da atuação da receita federal”, ressalta Cabral.
Corte no orçamento afetará combate ao tráfico, diz Sindifisco