China: “Luta dos EUA contra 1,4 bilhão de chineses não acabaria bem”

Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi

(MRE da China)

“Luta dos EUA contra 1,4 bilhão de chineses não acabaria bem”, advertiu o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em coletiva de imprensa publicada nos principais jornais do país, na sexta-feira (12).

“Pelosi [presidente da Câmara dos Representantes dos EUA] visitou Taiwan, encenou uma provocação política e gerou tensão no estreito de Taiwan. A violação de suas obrigações e a provocação deliberada na questão de Taiwan só podem minar ainda mais a credibilidade dos EUA. A luta contra mais de 1,4 bilhão de chineses nunca em qualquer caso vai acabar bem”, afirmou Wang Yi.

Ele também observou que a resposta de Pequim à visita de um político estadunidense de tão alto nível a Taiwan é justificada, racional, necessária e adequada.

“Não é a China que está mudando o status quo no Estreito de Taiwan, mas são os Estados Unidos que estão tentando controlar a China através de Taiwan, assim como às autoridades da ilha, que se entregam a sonhos irrealizáveis e contam com os Estados Unidos em busca de uma falsa independência”, enfatizou Wang.

De acordo com o chefe da diplomacia chinesa, as contramedidas de Pequim visam precisamente a manutenção da paz no estreito e a estabilidade regional.

Ele sublinhou ainda que o princípio de não ingerência nos assuntos internos é a “regra de ouro” das relações internacionais.

“A situação no estreito de Taiwan ainda está tensa e estaremos vigilantes, uma vez que os EUA podem usar a situação planejando aumentar a presença militar e tentar escalar a crise”, frisou o diplomata.

A situação em torno de Taiwan se agravou após a recente visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, apesar da posição da China contra essa atitude.

O Exército Popular de Libertação da China (EPL), em resposta à essa visita, organizou exercícios de larga escala usando mísseis, aeronaves e navios de guerra.

Os exercícios começaram em 4 de agosto em seis áreas ao redor da ilha e estavam previstos para terminar em 7 de agosto, mas foram prolongados.

Em 10 de agosto o Comando do Teatro Oriental do PLA anunciou que havia concluído com sucesso as tarefas atribuídas como parte das atividades militares perto de Taiwan.

Wang Yi disse que a China não deixará espaço para as forças separatistas de Taiwan, já que a reunificação com a China é historicamente inevitável e todas as tentativas de usar Taiwan para conter a China estão condenadas ao fracasso.

Em 1971 a ONU, através da resolução 2758, reconheceu oficialmente a República Popular da China como “único representante legítimo da China perante as Nações Unidas” e restabeleceu o assento no Conselho de Segurança da organização, que fora usurpado por mais de uma década pelo regime derrotado pela revolução de 1949, quando Chiang Kai-chek fugiu para Taiwan.

Os vínculos entre Taiwan e a China continental foram restabelecidos em nível comercial e informal no final da década de 1980.

181 países reconhecem o Princípio de Uma Só China e, por isso, mantêm relações diplomáticas com a China e gerem suas relações comerciais e culturais com Taiwan dentro do quadro de uma só China.

Através do “Consenso de 1992”, cuja essência é o reconhecimento de que a parte continental e Taiwan pertencem a “uma e mesma China”, foi aberto o caminho para a intensificação das relações através do Estreito, o que em anos recentes foi dificultado pela ascensão de uma elite separatista açulada por Washington, agora no poder em Taipei.

A reunificação pacífica repetidamente oferecida por Pequim a Taiwan reedita o esquema de “um país, dois sistemas”, já comprovado na reintegração com a China de Hong Kong (antes ocupada pelos britânicos) e Macau (antes ocupada pelos portugueses).