O PCdoB do Rio Grande do Sul realizou, neste domingo (3), sua conferência estadual rumo à etapa nacional do 15º Congresso do partido. O presidente Juliano Roso foi reconduzido ao cargo, e o comitê estadual passou a ter dois vices-presidentes: Luciane Pereira, dirigente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), e Antônio Augusto de Medeiros, diretor-presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs).
A nova direção será composta por 106 membros de 27 cidades, com 42% de mulheres e 30% de renovação. A conferência — realizada de maneira virtual, mas com parte da direção reunida presencialmente no auditório do Simpa — mobilizou mais de 200 delegados de delegadas e indicou 49 nomes para participar da plenária nacional, que acontece nos dias 15 a 17 de outubro. Ao todo, o processo de mobilização do PCdoB gaúcho envolveu cerca de mil militantes em 50 cidades.
Foto: Josiel Rodrigues/UJS Gaúcha
“A nova direção tem o desafio de levar a cabo a frente ampla e manter o partido coeso e cada vez mais forte e enraizado junto ao povo. A luta nas ruas contra o fascismo e a federação abrirão grandes veredas para o avanço do partido”, disse Juliano Roso após anunciada sua recondução à presidência.
No que diz respeito ao cenário estadual, Juliano destacou que a nova direção do PCdoB deve também se dedicar ao debate sobre a retomada do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul. “O estado já foi o quarto em produção industrial e hoje figura em 11º. É preciso agregar valor à nossa economia para gerar empregos e desenvolvimento, para que não nos tornemos um fazendão”.
Ele também defendeu a importância de o partido estar organizado nos territórios, nas comunidades, onde a população vivencia o dia a dia; de fortalecer as organizações de bases e os comitês municipais e construir desde já um projeto eleitoral “justo, adequado e vitorioso”.
Frente ampla

Pela manhã, a conferência contou com ato político com a participação de lideranças de partidos e movimentos sociais, que saudaram o evento e reafirmaram a importância da frente ampla para derrotar Bolsonaro e inaugurar um novo momento do país com justiça social, emprego e renda e garantia de direitos para o povo.
A deputada estadual Luciana Genro, dirigente do PSol, destacou a necessidade de se criar “um grande movimento que reconstitua o que foram as Diretas Já”, em defesa das liberdades democráticas, de comida no prato, vacina no braço e direitos para a classe trabalhadora.
Ciro Simoni, presidente estadual do PDT, colocou: “estamos unidos num amplo movimento pela democracia”. Ele também lembrou de outros momentos destacados da história, marcados pela união de diversos setores políticos e sociais, como as lutas pela legalidade, pela redemocratização e pelo impeachment de Collor.
Mário Bruck, presidente estadual do PSB, também lembrou que “a história já mostrou que quando as forças progressistas conseguem encontrar pontos de convergência, conquistamos vitórias”.
O deputado federal Paulo Pimenta, presidente estadual do PT, parabenizou o partido pela vitória na luta pela federação e reafirmou a parceria “para construir a unidade e uma nova política, derrotar Bolsonaro, defender a democracia e oferecer a quem mais precisa a perspectiva de uma vida melhor”.
Amadurecimento político

O ato político foi encerrado pela jornalista e ex-deputada Manuela d’Ávila, que também saudou a vitória da federação e salientou que tal mecanismo aperfeiçoa a democracia e o sistema político. Manuela enfatizou, ainda, a importância dos atos deste sábado (2), que contaram com 21 partidos, como mais um passo na formação de uma frente cada vez mais ampla contra Bolsonaro e em defesa do país e da democracia. “É uma vitória também por vermos o povo se somar à luta e ver o amadurecimento político pelo fora Bolsonaro”, disse.
Manuela apontou que embora possa haver diferentes visões de projetos de país entre as legendas que fazem parte desse movimento, os pontos centrais de unidade estão postos: a derrota de Bolsonaro e a defesa da democracia como forma de interromper o projeto bolsonarista de destruição do país.
Ela lembrou ainda que Bolsonaro se sustenta não apenas pelo seu discurso negacionista e de extrema-direita voltado para seus apoiadores, mas especialmente pelos interesses de setores econômicos e sociais que não se importam com a situação do povo. Manuela lembrou que esses mesmos interesses estão presentes nas agendas dos governos do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre.
Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS, e Vitória Cabreira, suplente de vereadora em Porto Alegre e dirigente da Juventude Pátria Livre, também saudaram a realização da conferência e destacaram o papel da frente ampla na atual conjuntura.
Derrubar inimigo comum
Foto: Josiel Rodrigues/UJS Gaúcha
Representando o Comitê Central do PCdoB, o dirigente Márcio Cabreira tratou das teses do partido para o 15º Congresso, com foco na luta para desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro. “Para isso, é preciso frente ampla, unir todas as forças possíveis para a derrubada desse inimigo comum. Este é o nosso grande desafio”, reafirmou.
Ele salientou que depois dos atos antidemocráticos de 7 de setembro, Bolsonaro teve de recuar momentaneamente; porém, isso não significa “a paralisação do seu intento golpista”.
Márcio Cabreira salientou que “seremos vitoriosos porque o bolsonarismo não tem nada a oferecer ao povo, não tem plano de desenvolvimento, de geração de empregos, um projeto para tirar o país da crise, uma crise sem precedentes, com milhões de desempregados sem nenhuma perspectiva”. O dirigente reforçou a necessidade de dialogar com o povo, com os que mais sofrem com os resultados perversos do governo Bolsonaro, buscando retomar a esperança.
Foto: Josiel Rodrigues/UJS Gaúcha
Neste cenário, agregou, é preciso também fortalecer a unidade interna do partido e aumentar suas bases e sua inserção junto à população. Ele salientou ainda que é necessário ajustar a plataforma emergencial proposta pelo PCdoB em âmbito nacional para as realidades locais, nos estados e municípios. “Construir a frente ampla e derrotar Bolsonaro, neste momento, se confundem com fortalecer o PCdoB”, concluiu.
Veja aqui a lista completa do comitê estadual eleito.
Por Priscila Lobregatte
Fotos: Josiel Rodrigues/UJS Gaúcha
Atualizada em 6 de outubro para a inclusão de informação