PCdoB se solidariza com o povo egípcio e os povos árabes

Resolução aprovada durante reunião da Comissão Política Nacional realizada em 18 de fevereiro de 2011. 

Nos últimos dias temos acompanhado com entusiasmo as grandes mobilizações populares na Tunísia, no Egito, na Jordânia, no Iêmen e em vários outros países árabes do Norte da África e do Oriente Médio. São revoltas populares, algumas com potencial revolucionário, de enorme importância política para a região e para a evolução da situação internacional.

As revoltas em curso e as suas conquistas, protagonizadas pelos trabalhadores e estudantes, jovens em sua maioria, atingem diretamente os interesses e o domínio imperialista na região, questionam as relações submissas desses países com os EUA e Israel, e acentuam a tendência de declínio relativo da hegemonia global estadunidense.

O caráter secular e laico de países como o Egito e a Tunísia, é uma conquista histórica desses povos a ser preservada. No entanto, esses regimes são verdadeiras ditaduras reacionárias pró-imperialistas, com mais ou menos aparência “democrática”, com fortes aparatos policiais, militares e de inteligência.

A indignação popular foi contida por décadas com ações repressivas, que já não conseguem conter as massas. Os povos árabes estão nas ruas carregando bandeiras de esperança e lutando pela verdadeira mudança de regime político.

As mudanças começaram no Líbano, com a queda do primeiro ministro Hariri e a assunção de um novo gabinete formado por uma maioria parlamentar da qual participam forças progressistas e anti-imperialistas, com destaque para o Hezbollah.

Na Tunísia o povo derrubou o governo do presidente Ben Ali, que comandava um regime submisso à União Européia e aos EUA. Formou-se um governo de transição, a repressão foi vencida, e conquistou-se a anistia e a legalização de todos os partidos políticos, inclusive os de esquerda e comunistas, e foram convocadas eleições para os próximos meses.

Em outros países da região como a Argélia, Jordânia, Iêmen e o Bahrein, os protestos também crescem.

Milhões de egípcios nas ruas derrubaram o presidente Mubarak

O Egito tornou-se o epicentro dessa onda de indignação popular. Com mais de 80 mililhões de habitantes, é o país mais populoso, um dos mais importantes países em termos geopolíticos da região, e o principal aliado regional dos EUA depois de Israel, por isso recebe volumosa ajuda financeira e militar.

O histórico dia 11 de fevereiro, quando depois de 18 dias ininterruptos de protestos, o presidente Mubarak e seu vice Omar Suleiman foram forçados a renunciar, significou uma grande vitória do povo egípcio.

Ainda assim, as forças populares egípcias continuam estão nas ruas das principais cidades exigindo das Forças Armadas, que assumiram o governo, a real democratização do país, a convocação de eleições para uma Assembléia Constituinte, liberdades civis e políticas e o fim da repressão e do “estado de emergência” que vigora há 30 anos.

Ressaltamos o papel das forças políticas progressistas do Egito, entre elas o Partido Comunista do Egito, e esperamos que o desenlace da luta em curso aponte para um novo regime, democrático, popular e anti-imperialista.

O sentido dessas revoltas do povo egípcio e dos povos árabes é democrático, progressista e anti-imperialista, por isso elas tem toda a solidariedade do Partido Comunista do Brasil, das demais forças políticas e sociais progressistas, e do povo brasileiro.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2011
Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)